Estudando e facebokando
Estudando e facebokando

No próximo dia 14 de março, a famosa foto de Albert Einstein com a língua de fora completará 54 anos. Tirada em 1951, quando o físico tinha 72 anos, a foto revela, no mínimo, uma certa excentricidade de Einstein em meio aos colegas da academia. Einstein era assim: uma figura que saiu do anonimato com trabalhos que mudaram o rumo da física, tornou-se o primeiro cientista “pop” do meio acadêmico, envolveu-se em questões políticas e sociais e, além do Prêmio Nobel e de várias reverências, foi nomeado recentemente pela revista norte-americana Time como “homem do século XX”. Tal prestígio marcou grande parte da vida do cientista e criou lendas em volta do, talvez primeiro, cientista-ídolo da história da academia.Einstein teve uma vida tumultuada, digna de uma celebridade, com a diferença de que, no mundo da ciência, não é comum ser uma "personalidade". O físico conquistou o mundo acadêmico em 1905, aos 26 anos, com a publicação de cinco artigos, sendo dois sobre a teoria da relatividade. Sua distinção dos demais cientistas da época começa aqui: Einstein não atingiu seus resultados fazendo pesquisas numa universidade ou instituto de pesquisa, ancorado por nomes mais experientes na física. Após se formar como físico em Zurique, na Suíça – país para o qual se mudou depois da falência dos negócios da família na Alemanha – ele se debruçou sobre a física, sozinho, quando não estava no escritório de patentes em que trabalhava. Com os resultados atingidos, Einstein deixa o escritório para lecionar em Praga e, no início da Primeira Grande Guerra (1914), volta para Alemanha para dirigir o Kaiser Wilhelm Institute, em Berlim. Sua posição como grande físico e pesquisador estava consolidada.                                                                                   

A popularidade de Einstein, no entanto, veio depois de 1919, ano da comprovação de um dos aspectos de sua teoria da relatividade a partir da observação de um eclipse solar em dois pontos do planeta: em Sobral, no Ceará, e na Ilha de Príncipe, na África (leia mais sobre o assunto). De acordo com Alfredo Tiomno Tolmasquim, diretor do Museu de Astronomia e Ciência Afins (Mast) do Rio de Janeiro, o fato foi bastante repercutido na mídia da época, que trazia manchetes do tipo “ele provou” estampadas nos jornais. “A partir de então, Einstein passou a ser conhecido além do mundo científico e foi transformado em um gênio”, afirma Tolmasquim.

Gênio construído

A mídia teve um papel fundamental na formação da imagem de Einstein e do estereótipo de um gênio. O uso de imagens como estereótipos é um artifício comum na comunicação, principalmente na mídia publicitária, que visa a compreensão rápida e direta do receptor. “Com a aparição excessiva, a imagem do físico passou a aludir à genialidade, diretamente”, diz o pesquisador de semiótica Luciano Guimarães, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). De acordo com ele, Einstein não foi o único a ter sua imagem estereotipada e generalizada: o mesmo acontece com a imagem de Sigmund Freud, representando os psiquiatras. “Quase sempre quando aparece um psiquiatra num filme, ele será calvo, grisalho e com óculos redondos, em alusão direta ao Freud”, ressalta.

Muitos conhecem a figura de Einstein, mas poucos sabem, de fato, dizer o que ele fez para a física. Em um artigo publicado em janeiro pela revista científica Nature, o pesquisador John Barrow, do Centro de Matemática e Ciências da Universidade de Cambridge reconhece que o fato das teorias de Einstein serem repletas de palavras familiares, como energia e massa, fez com que as pessoas criassem certa familiaridade com os termos usados em seus trabalhos, mesmo sem compreender de fato como esses termos eram aplicados nas teorias. Com isso, surgiram até ditados populares que ganharam fama no mundo todo, como o célebre “tudo é relativo”. Foram criadas lendas acerca da vida do Einstein, como a de que ele foi um mau aluno nos tempos da escola. “Einstein era autodidata, faltava às aulas para estudar por conta própria e nunca foi mau aluno. Sua única dificuldade era em línguas”, explica o jornalista Cássio Leite Vieira, aficionado pela vida do físico alemão.

Einstein famoso, político e judeu

No contexto de fama e popularidade, Einstein passou a visitar institutos e universidades de todo o mundo para dar palestras, iniciando um longo período de viagens. Seguiu primeiramente aos Estados Unidos, Europa e Japão, mas não deixou de passar rapidamente pelo Brasil, em 1925, durante sua viagem pela América Latina, atendendo a um convite da Universidade de Buenos Aires. Ele foi o primeiro cientista alemão de renome a visitar a Inglaterra depois da Primeira Grande Guerra – não foi à toa: ele era um pacifista e logo descobriu a força que tinha para dar voz a movimentos internacionais pela paz. Por causa disso, chegou a ser encarado como um traidor da Alemanha. “Enquanto a maioria dos cientistas se envolvia em esforços da guerra, ele foi um dos poucos que levantou a voz a favor do pacifismo e contra a guerra”, destaca Tolmasquim. “Com a notoriedade, ele passa a ser muito festejado e muito atacado também, pelas suas idéias pacifistas e por ser judeu”, complementa.

Einstein engajou-se nas causas judaicas, justamente num período histórico em que os judeus lutavam pela criação de um estado próprio – num movimento conhecido como sionismo – e sofriam duras perseguições. Por causa disso, pensou várias vezes em sair da Alemanha, o que aconteceu quando Hittler tomou o poder, em 1933. Na época, Einstein estava na Bélgica, a caminho da Alemanha. Com a notícia, ele viajou para os EUA, onde ficou até sua morte em 1955. Parte do seu material de trabalho foi destruído pelos nazistas na Alemanha.

Mesmo dos Estados Unidos, o físico continuou intercedendo em favor dos judeus. “Existem cartas dele até para Osvaldo Aranha, que era o ministro das relações exteriores durante o governo do Getúlio Vargas, solicitando intervenções em prol dos refugiados da Alemanha”, enfatiza Tolmasquim. Durante a guerra, ele fez uma carta ao então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, afirmando que a Alemanha tinha condições de desenvolver a bomba atômica, por isso os Estados Unidos deveriam se apressar. A carta é considerada por alguns pesquisadores uma das molas propulsoras do Projeto Manhattan, que construiu as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Outros pesquisadores contestam: “os americanos não acreditavam em Einstein, achavam que ele era comunista”, explica o diretor do Mast. (leia mais sobre o assunto).

Com uma conturbada vida pessoal, marcada por esforços em prol da física, da paz e dos judeus, casou-se duas vezes, separou-se da primeira esposa depois de 11 anos e com a segunda esposa passou 17 anos, até ficar viúvo. Foi durante esse segundo casamento que tornou-se conhecido e ganhou o Prêmio Nobel em 1921 – popularidade aprovada pela segunda esposa, que fazia questão de administrar a vida pessoal do físico e de cuidar da sua imagem. Mas ele se sentia um estranho em sua própria casa de classe média, na qual dormia no corredor, já que os quartos eram ocupados pelos filhos e pela esposa. Mesmo casado e com filhos, mesmo popular, mesmo gênio, Einstein continuava no isolamento que manteve na sua infância, como se estivesse sempre formulando mais uma teoria da física.

Foto polêmica e eternizada
O contexto no qual a foto de Einstein foi tirada divide pesquisadores e aficionados pela sua história. A teoria mais aceita é a de ele teria sido fotografado a pedido do fotógrafo Arthur Sasse, que solicitou uma pose para comemorar seus 72 anos. Outras vertentes acreditam que a foto tenha ligação com uma campanha anti-bomba atômica, num contexto pós Segunda Guerra Mundial. O físico pedira que as pessoas encaminhassem cartas ao governo alemão solicitando o fim dos planejamentos nucleares e sugeriu que sua língua fosse emprestada para “selar’ tais cartas. Numa terceira hipótese, Einstein teria sido fotografado na saída de um hospital nos Estados Unidos, também a pedido do fotógrafo. De qualquer maneira, Einstein gostou da imagem, tanto que, de acordo com o jornalista Cássio Leite Vieira, encaminhava a foto para os amigos, autografada.

 

 

 


 

 

 

Platão bibiografia,história e suas obras

platão[em grego antigoΠλάτωνtransl. Plátōn, "amplo",[1] Atenas,[nota 1] 428/427[nota 2] – Atenas, 348/347 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces dafilosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental.[11] Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles[12]; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas, entre eles aética, a política, a metafísica e a teoria do conhecimento.

A sofisticação de Platão como escritor é especialmente evidente em seus diálogos socráticos; trinta e cinco diálogos e treze cartas são creditadas tradicionalmente a ele, embora os estudiosos modernos tenham colocado em dúvida a autenticidade de pelo menos algumas destas obras.[13] Estas obras também foram publicadas em diversas épocas, e das mais variadas maneiras, o que levou a diferentes convenções no que diz respeito à nomenclatura e referenciação dos textos.

Embora não exista qualquer dúvida de que Platão lecionou na Academia fundada por ele, a função pedagógica de seus diálogos - se é que alguma existia - não é conhecida com certeza. Os diálogos, desde a época do próprio Platão, eram usados como ferramenta de ensino nos tópicos mais variados, como filosofialógicaretórica,matemática, entre outros.

Platão nasceu em Atenas[14], provavelmente em 427 a.C.[carece de fontes] (no ano da 88a olimpíada, no sétimo dia do mês Thargêliốn[15]), cerca de um ano após a morte doestadista Péricles [carece de fontes], e morreu em 347 a.C.[carece de fontes] (no primeiro ano da 108a olimpíada[16]). Seu pai, Aristão, tinha como ancestral o rei Codros e sua mãe, Perictione, era descendente de um irmão de Sólon[14].

Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de Heraclito. No entanto, por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de 399 a.C., Platão esteve em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates, hospedando-se na casa de Euclides. Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir à Siracusa, na Sicília[17]. No início, Dionísio deu liberdade para Platão se expressar, porém quando se sentiu ofendido por algumas declarações de Platão, Dionísio vendeu Platão no mercado de escravos por vinte minas; alguns filósofos, porém, juntaram o dinheiro, compraram Platão e o mandaram de volta para a Grécia, aconselhando-o que os sábios deve se associar o menos possível aos tiranos, ou com o maior cuidado possível[17].

Em seu retorno, fundou a Academia. A instituição logo adquiriu prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater ideias. Em 367 a.C., Dionísio I morreu, e Platão retornou a Siracusa a fim de mais uma vez tentar implementar suas ideias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C.voltou pela última vez à Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta para Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua morte, em 347 a.C.

Pensamento platônico

Platão, em detalhe da Escola de Atenas, de Rafael Sanzio (c. 1510). Satanza della SegnaturaPalácio ApostólicoVaticano.

Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível.

Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.

Para Platão, uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.

O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heraclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar a ser; assim, não há mudança.

Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heraclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .

Platão resolve esse problema com sua Teoria das Ideias. O que há de permanente em um objeto é a Ideia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Ideia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Ideia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Ideia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Ideia de Árvore.

Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Ideia daquele objeto que viu no mundo das Ideias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Ideias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Ideia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.

A reminiscência

Uma das condições para a indagação ou investigação acerca das Ideias é que não estamos em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Ideias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Ideias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.

Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência.[18] A investigação das Ideias supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as Ideias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no diálogo Fedro, de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado, tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados a vermos apenas as sombras do Mundo das Ideias.

Amor

´No Simpósio (também conhecido como O Banquete), de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.

Conhecimento

Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.

Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.

O conhecimento era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das ideias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.

Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.

Quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo que, no mundo das ideias, o homem pode ter a épisthéme, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento filosófico,.

Platão não defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das ideias.

Política

"Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).

Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais.

Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica.

Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da pólis:

  • A primeira virtude era a da , deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a.sabedoriarazão
  • A segunda espécie de virtude é a , deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiões da , pois sua alma de prata é imbuída de . E, por fim,coragempólisvontade
  • A terceira virtude, a , que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo  das coisas sensíveis.temperançadesejo
O homem e a alma

O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.

Para Platão a alma é divida em três partes:

  • 1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência ().phrónesis
  • 2 Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem ().andreía
  • 3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança ().sophrosýne

Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.

Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Ideias e aspira ao conhecimento e às ideias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das Ideias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Ideias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Ideias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.

As obras de Platão


A obra de Platão é uma jóia da literatura de todos os tempos e um monumento filosófico de valor eterno. As questões postas, dizendo respeito á conduta ética e política dos atenienses, ao seu comportamento como indivíduos e em sociedade, gozam da maior pertinência vinte e quatro séculos depois. A sua finalidade é sempre a busca da verdade por meio da dialéctica.


Na grande maioria dos diálogos, a figura central é Sócrates, que interroga, argumenta e discute com um vasto leque de personagens, na maioria dos casos sofistas ou figuras que representam a estrutura da cidade. Alguns deles são expressamente dedicados ao mestre, quer para contar o processo de que foi alvo e a sua defesa em tribunal (Apologia), quer a sua permanência na prisão (Críton), quer  os últimos momentos antes de beber a cicuta (Fédon).

A colecção das obras de Platão compreende trinta e cinco diálogos e um conjunto de treze cartas. Os seus diálogos podem ser considerados dentro de quatro períodos distintos:


· Diálogos considerados de juventude ou socráticos, até cerca de 390 a.C. (antes da morte de Sócrates).

Apologia de Sócrates
Críton ou Do Dever
Íon ou Da Ilíada
Laqués ou Da coragem
Lísis ou Da Amizade
Cármides ou Da Sabedoria
Eutífron ou Da Santidade

· Diálogos ditos de transição:

Eutidemo ou Da Erística
Hípias menos 
ou Da Mentira
Crátilo 
ou Da Etimologia 
Hípias Maior 
ou Do Belo
Menexeno 
ou Do Epitáfio
Górgias 
ou Da Rétorica
República 
- livro I
Protágoras 
ou Dos sofistas
Ménon 
ou Da Virtude


· Diálogos de maturidade (escritos provavelmente entre 387 a.C. e 368 a.C.):

Fédon ou Da Alma
Banquete
 ou Do Bem
República 
- livros II a X
Fedro 
ou Da Beleza


· Diálogos considerados de velhice:

Parménides ou Das Formas
Teeteto
 ou da Ciência
Sofista 
ou Do Ser
Político 
ou Da Realeza
Filebo
 ou Do Prazer
Timeu 
ou Da Natureza
Crítias 
ou Da Atlântida
Leis 
(inacabado)


Há ainda outras obras cuja autoria é contestada: Alcibíades I e IIEpinómide ou Do FilósofoHiparcoMinosOs RivaisTéages e Clítofon.





Geografia


 
Paisagem africana.

Geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos significativos na paisagem. Também estuda a relação recíproca entre o homem e o meio ambiente (Geografia Humana). Para alguns a Geografia também pode ser uma prática humana de conhecer onde se vive para compreender e planejar o espaço onde se vive. Um dos temas centrais da geografia é a relação homem-natureza. Anatureza é entendida aqui como as forças que geraram ou contribuem para moldar o espaço geográfico, isto é, a dinâmica e interações que existem entre a atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. O homem é entendido como um organismo capaz de modificar consideravelmente as forças da natureza através da tecnologia.[1].

Sua sistematização como disciplina acadêmica foi atribuída dospesquisadores do Século XIX Alexander von Humboldt e Carl Ritter.

Visão geral

A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a Terra e seus habitantes. Os geógrafos querem saber onde vivem os homens, as plantas e os animais, onde se localizam os rios, os lagos, as montanhas e as cidades. Estudam porque esses elementos se encontram onde estão e como eles se inter-relacionam. A palavra "geografia" vem do grego geographía (γεογραπηία), que significadescrição da Terra.

A geografia depende muito de outras áreas do conhecimento para obter informações básicas, especialmente em alguns ramos especializados. Utiliza os dados da química, da geologia, da matemática, da história, da física, da astronomia, da antropologia e dabiologia e principalmente da Ecologia, pois tanto a Ecologia como a Geografia são estudos interrelacionados, justamente porque estão preocupadas com as análises biológicas, de fatores geológicos e dos ciclos biogeoquímicos dos Ecossistemas, isto é, da relação entre os seres vivos (inclusive os povos) e seu meio ambiente.

Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagensleituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os geógrafos os atualizam graças às suas pesquisas especializadas, aumentando assim o nosso conhecimento geográfico.

Como o conhecimento da geografia é útil às pessoas em sua vida cotidiana, o aprendizado da geografia se inicia no jardim de infânciaou no ensino fundamental e estende-se até a universidade. O objetivo básico do estudo da geografia é o desenvolvimento do sentido dedireção, da capacidade de ler mapas, da compreensão das relações espaciais e do conhecimento do tempo, do clima e dos recursos naturais.

homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos pré-históricos tinham de encontrar cavernas para morar e reservas regulares de água. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Sabiam localizar os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais.

Com o tempo, o homem aprendeu a lavrar a terra e domesticar os animais. Essas atividades o forçaram a prestar mais atenção ao clima e à localização dos pastos. Mas a extensão de seu conhecimento certamente não ia além da distância que podia percorrer em um dia.

Hoje em dia, não podemos nos satisfazer com um conhecimento geográfico limitado à área que circunda nossas casas. Hoje, nem mesmo basta às pessoas conhecer as terras e os mares próximos, como acontecia na época do império Romano. Para satisfazer nossas necessidades, precisamos saber um pouco da geografia da Terra inteira.

Ontologia

Há muitas interpretações do que seria o objeto geográficoRatzel afirma que a Geografia estuda as relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Filósofos que buscaram criar uma ontologia marxista, como Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objecto da Geografia. Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da totalidade para o lugar.

Uma afirmação comum é de que Há tantas geografias quanto forem os geógrafos. Apesar de as múltiplas possibilidades de orientações teórico metodológicas caminharem em direções diferentes, deve-se respeitar a caracterização da Ciência Geográfica e as formulações acerca de seu objecto.

Cabe ainda afirmar que a distinção entre Geografia Humana e Geografia Física se refere aos ramos da Ciência Geográfica, pois as Geograficidades não apresentam essa fragmentação, decorrente exclusivamente da construção do conhecimento sobre a realidade.

De qualquer forma a ciência deve dar conta de questionar a relação dialética do homem com a natureza, é impossível analisar o "meio natural" sem entender a relação que tem com o homem e da mesma forma é impossível analisar o "meio social" sem compreender as determinações que vem da relação que tem com a natureza. Há ainda discussões entre a Geografia técnica e a Geografia escolar, porem ambas as parte do conhecimento cientifico apurado através do questionamento da razão, ou seja, "advém" da filosofia grega.

Princípios básicos

O estudo da geografia compreende quatro linhas de investigação principais: São elas:

  • a localização de acidentes geográficos, localidades e povos;
  • a descrição das diversas partes do mundo e o estudo das diferenças existentes entre elas;
  • a explicação da origem dos diferentes acidentes geográficos do globo terrestre;
  • o estabelecimentos de relações espaciais entre os acidentes e regiões.

Localização

Uma das principais tarefas da geografia é dizer onde se situam as diferentes localidades do mundo e interpretar as vantagens e as desvantagens da localização. Assim que o homem começou a se afastar dos limites da sua casa, precisou medir as distâncias e registrar essas medidas. Começou a desenhar mapas grosseiros para mostrar as distâncias e as direções. No século XV, quando começou a grande era das explorações, mais que nunca foram necessários cartógrafos (desenhistas de mapa) para registrar as descobertas dos novos continentes e oceanos.

Os mapas não apenas mostram onde se localiza um lugar, mas também fornecem sua posição com relação a outros lugares (Veja:mapa).

Descrição dos lugares

Nem todas as pessoas se satisfazem em conhecer apenas a localização de um ponto da Terra, como ParisSão Paulo, a África ou oÁrtico. Querem saber que tipo de ambiente a natureza oferece na região, e o que as pessoas já fizeram aí. Querem saber como os habitantes utilizaram a terra, que tipo de casas construíram, como e onde construíram estradas, como são afinal eles próprios. Querem saber em que aspectos a região se assemelha e difere de outros lugares, e o que significam essas semelhanças e diferenças. Em outros tempos, os viajantes relatavam essas informações de viva voz. Hoje, as pessoas complementam esses relatórios com dados escritos, fotos tiradas do solo ou das alturas, e com mapas preparados com equipamentos de precisão extremamente eficazes.

Mudanças na face da Terra

Quase todo mundo já viu exemplos de mudança na superfície da Terra. Algumas mudanças são feitas pelo homem, como por exemplo, a eliminação de uma favela ou a alteração do curso de um rio. Essas mudanças são em geral muito mais rápidas que as provocadas na natureza, como por exemplo a formação de uma grande garganta pela ação da erosão, que dura milhões de anos.

Muitas perguntas ocorrem aos geógrafos quando examinam as mudanças sofridas pela Terra. Querem saber como os acidentes geográficos surgiram no lugar onde estão hoje. Querem saber como o homem modificou a superfície da Terra enquanto nela viveu. Querem descobrir a face da Terra no passado, e por que as cidades se desenvolveram onde estão hoje. Os geógrafos também pretendem descobrir por que certas áreas do mundo são mais densamente povoadas que outras.

Relações espaciais

As relações espaciais interessam tanto aos geógrafos quanto aos astrônomos. Os astrônomos estudam principalmente as relações entre os planetas, as estrelas e outros corpos celestes. Os geógrafos limitam seu estudo às relações espaciais entre os pontos da Terra. Por exemplo, estudam como crescimento de uma cidade dependeu de um rio, e como a água do rio foi afetada pela cidade. Os geógrafos encaram os seres humanos em suas relações espaciais, assim como os historiadores vêem a vida humana em suas relações temporais.

Os geógrafos sempre procuraram saber como os seres humanos se relacionam com o globo terrestre. As condições naturais podem limitar as possibilidades de um homem, como no deserto, ou oferecer ótimas possibilidades de vida, como num vale fértil. As variações de tempo, as erupções vulcânicas e outras mudanças na natureza podem afetar atividades diárias das pessoas. Além disso, as próprias pessoas são fator importante das mudanças geográficas. Elas queimam florestas, escavam ou represam os leitos dos rios e provocam a erosão do solo. Os esforços para compensar os danos resultantes dessas alterações são parte importante dos movimentos de conservação da natureza.

Os geógrafos também estudam as ligações entre vários elementos. Por exemplo, podem investigar de que maneira as populações do Nordeste brasileiro dependem das chuvas, ou qual a relação entre o clima e o solo na África tropical.

História do pensamento geográfico

A história do pensamento geográfico se inicia com os gregos, os quais foram a primeira cultura conhecida a explorar activamente a Geografia como ciência e filosofia, sendos os maiores contribuintes Tales de MiletoHeródotoEratóstenesHiparcoAristóteles,Estrabão e Ptolomeu. A cartografia feita pelos romanos, à medida que exploravam novas terras, incluía novas técnicas. O périplo era uma delas, uma descrição dos portos e escalas que um marinheiro experimentado poderia encontrar ao longo da costa; dois exemplos que sobreviveram até hoje são o périplo do cartaginês Hanão o Navegador e um périplo do mar eritreu, que descreve as costas do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico.

Durante a Idade Média, Árabes como EdrisiIbn Battuta e Ibn Khaldun aprofundaram e mantiveram os antigos conhecimentos gregos. As viagens de Marco Polo espalharam pela Europa o interesse pela Geografia. Durante a Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de informação mais detalhada. A Geographia Generalis de Bernardo Varenius e o mapa-mundo de Gerardo Mercator são exemplos importantes.

Durante o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários. Ao longo dos últimos dois séculos a quantidade de conhecimento e o número de instrumentos aumentou enormemente. Há fortes laços entre a Geografia, a Geologia e a Botânica.

No Ocidente, durante os séculos XIX e século XX, a disciplina geográfica passou por quatro fases importantes: determinismo geográfico, geografia regional, revolução quantitativa e geografia radical.

determinismo geográfico defendia que as características dos povos se devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram Carl RitterEllen Churchill Semple e Ellsworth Huntington. Hipóteses populares como "o calor torna os habitantes dos trópicos preguiçosos" e "mudanças freqüentes na pressão barométrica tornam os habitantes das latitudes médias mais inteligentes" eram assim defendidas e fundamentadas. Os geógrafos deterministas tentaram estudar cientificamente a importância de tais influências. Nos anos 1930, esta escola de pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases sustentáveis e por ser propensa a generalizações.

O determinismo geográfico constitui um embaraço para muitos geógrafos contemporâneos e leva ao ceticismo sobre aqueles que defendem a influência do meio na cultura (como as teorias de Jared Diamond).

Porém o determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que determinava o homem. E muito provavelmente esta teoria tenha sido criada por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-europeia para justificar a exploração em suas colônias. Tanto que para os geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache (teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no meio), seria na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.

A Geografia Regional representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os lugares. Os geógrafos regionais dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem como aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões. As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne. Vale à pena lembrar que enquanto Vidal vê a região como uma determinada paisagem, onde os gêneros de vida determinam a condição e a homogeneidade de uma região, Hartshorne não utilizava o termo região: para ele os espaços eram divididos em classes de área, nas quais os elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. E este ficou conhecido como método regional.

A revolução quantitativa foi a tentativa de a Geografia se redefinir como ciência, no renascer do interesse pela ciência que se seguiu ao lançamento do Sputnik. Os revolucionários quantitativos, frequentemente referidos como "cadetes espaciais", declaravam que o propósito da Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos fenômenos. Adotaram a filosofia do neopositivismo ou positivismo lógico das ciências naturais e viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.

Neste caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt, Ratzel, Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de métodos positivistas, e a mudança de paradigma que ocorreu com a matematização do espaço foi a da inclusão da informática para a quantificação dos dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 no Brasil.

Apesar de as perpectivas positivista e pós-positivista permanecerem importantes em Geografia, a Geografia Radical surgiu como uma crítica ao positivismo. O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan) debruçaram-se sobre o sentimento de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a Geografia Marxista, que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos seus seguidores aos fenómenos geográficos. David Harvey e Richard Peet são bem conhecidos geógrafos marxistas. A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da Geografia Radical é a geografia pós-modernista, que emprega as ideias do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a construção social de relações espaciais.

Quanto ao conhecimento geográfico no Brasil, não se pode deixar de observar a grande importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país seguido de Aziz Ab'Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por méritos, Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas dos fatos e incidências de casos. Isso é importante, visto que a Geografia é uma ciência global e abrangente, e somente o olhar geográfico aguçado consegue identificar determinados processos, sejam naturais ou sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do professor Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma bastante detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do professor doutorJosé William Vesentini que se tornaram referência no estudo da Geografia no Brasil.

Não podendo esquecer de geógrafos como Armen MamigonianManuel Correia de Andrade, Roberto Lobato Corrêa, Ruy Moreira,Armando Correa da SilvaAntonio CristofolettiAriovaldo Umbelino de Oliveira, entre outros de outras épocas, não tão conhecidos como os que fizeram suas carreiras na Universidade de São Paulo.

Epistemologia

A Geografia como ciência surge sob forte influência do Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto, a Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.

Sobre a sua epistemologia, é proverbial ressaltar um problema não só da geografia, como também de todas as ciências ambientais: Os recursos metodológicos utilizados na verificação dos postulados ou estudos geográficos são oriundos aos primeiros passos donaturalismo (Humboldt e Ritter).

É fácil concluir que em detrimento de diversas mudanças na temática ambiental, as ciências ambientais não poderiam utilizar recursos verificatórios de um lapso cronológico em que a vertente ambiental não provia atenção alguma da mídia e menos ainda dos poderes políticos, que enxergavam apenas o fortalecimento de suas economias em função de uma interminável exploração e esgotamento dos recursos naturais. Então, é extremamente necessário pensar em uma nova epistemologia, não só para geografia, mas para as demais ciências autodenominadas "ambientais".

Com o surgimento da discussão a respeito de um estatuto próprio para as Ciências Humanas, a Geografia sente a necessidade de revisar sua epistemologia. Os críticos do positivismo, sob influência do Historicismo de Hegel e Dilthey, afirmavam ser impossível manter a objetividade e a neutralidade do conhecimento científico. Um exemplo claro é a ideia de Incomensurabilidade do Conhecimento, de Thomas Kuhn, na qual afirma a impossibilidade de separar os conceitos e juízos de valor do conhecimento dito neutro.

Ainda no contexto do embate historicismo x positivismo surgem dois grandes nomes da Geografia: Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache. O primeiro, influenciado por Ritter e Haeckel, notabilizou-se pelos estudos de Geografia Política e de alguma forma ajudou a consolidar a Geografia de Estado. Já o outro, empirista, trabalhou principalmente sobre o conceito de Gênero de Vida e afastou a Geografia das relações com a sociologia, então representada pela morfologia social de Émile Durkheim. Essa condição é exemplificada na famosa definição: Geografia é a ciência dos lugares e não dos Homens. La Blache e Ratzel representavam respectivamente as escolas Francesa e Alemã em uma época em que as universidades se fecharam em seus próprios países criando escolas nacionais. Lucien Febvre, historiador francês, em seu livro A Terra e Evolução do Homem, criou uma imagem reducionista deste conflito teórico-ideológico, através da criação dos conceitos de escolas geográficasDeterminismo e Possibilismo. Essa consideração reducionista contribuiu para criar imagens errôneas sobre os dois autores, e por muito tempo Ratzel foi entendido como simples determinista geográfico e La Blache como um simples possibilista geográfico. Hoje essa concepção foi superada e o recorte abstrato de Febvre foi relativizado, na medida em que nenhum dos dois Geógrafos enquadrava-se completamente nas escolas a eles atribuídas.

Durante a renovação pragmática nos Estados Unidos, surgiu uma corrente chamada Geografia Teorética, na qual os métodos quantitativos geográficos agem com métodos numéricos peculiares para (ou pelo menos é muito comum) a geografia. Por consequência à análise do espaço, provavelmente encontrará temas como a análise de rácios, análise discriminatória, e não – paramétrica e testes estatísticos nos estudos geográficos. Um expoente dessa corrente no Brasil foi Antonio Christofoletti, co-fundador da Revista de Geografia Teorética.

Sob a influência da Fenomenologia de Husserl e Merleau-Ponty foram desenvolvidos estudos de Geografia da Percepção, que valorizam a construção subjetiva da noção de espaço perceptivo. Inter-relações com a psicologia de massas e psicanálise, entre outras áreas, garantiram uma multidisciplinalidade desses estudos na (re)construção de conceitos como horizonte geográfico, (percepção do) lugar, sociabilidade e percepção do espaço, espaço esquizoide, entre outros. Alguns textos de Armando Corrêa da Silva fazem referência à Geografia da Percepção. Cabe também ressaltar que a influência da fenomenologia foi importante para o desenvolvimento da Geografia Humanista.

No final da década de 1970 iniciou-se um movimento de renovação crítica da Geografia humana, marcado no Brasil pelo encontro nacional de Geógrafos em 1978 no Ceará. Esse movimento acompanhou a inserção do marxismo como base teórica do discurso geográfico humano e assimilou um arcabouço conceitual do marxismo na construção de teorias sobre a (re)produção do espaço e a formações sócio-espaciais.

No Brasil, um representante dessa corrente, conhecida como Geocrítica ou Geografia Crítica, foi Milton Santos. O geógrafo Armando Corrêa da Silva escreveu alguns artigos sobre as possíveis limitações que uma adesão cega a essa corrente pode causar.

Na Itália, Massimo Quaini foi o principal autor a escrever sobre a relação entre a corrente marxista e a Ciência Geográfica.

O principal veículo de divulgação da Renovação Crítica da Geografia humana foi a Revista Antipode, criada em agosto de 1968 nos Estados Unidos, sob a direção editorial de Richard Peet, então professor na University of British Columbia. O primeiro artigo da Revista justificava seu subtítulo – A Radical Jornal Of Geography – escrito por David Stea, "Positions, Purposes, Pragmatics: A Journal Of Radical Geography", introduzia no mundo acadêmico uma publicação que viria a ter muita importância para discussões no âmbito da ciência geográfica.

Antipode já contou a com a participação de Geógrafos como Milton Santos e David Harvey, que até hoje é um dos colaboradores, além de um grupo de cientistas do mundo todo: Estados Unidos, CanadáJapãoÍndiaInglaterraEspanhaÁfrica do SulHolandaSuíça,Quênia, coordenados sob a editoração de Noel Castree da Universidade de Manchester (Inglaterra) e Melissa Wright da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos).

Geógrafo e Professor de Geografia

No Brasil, o Geógrafo é o profissional que fez o Bacharelado em Geografia, legalmente habilitado através da Lei 6664/79, no qual remete-se ao registro no CREA- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura- de seu estado.

A diferenciação profissional entre um Geógrafo e um Professor de Geografia é que o Geógrafo possui habilitação para emissão de pareceres técnicos, desde que regularmente associado ao CREA, assim como para a elaboração de EIA/RIMA, podendo também prestar concursos públicos para quadros estatais que precisem de bacharelados.

Já o professor de Geografia é o profissional que tem titulação de Licenciado em Geografia, podendo exercer legalmente apenas as funções de docência, do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental (antigas 5ª a 8ª série), e todo o Ensino Médio de uma mesma escola.

Para lecionar no Ensino Superior, tanto o licenciado quanto o bacharel, o requisito é um curso de mestrado, não necessariamente na Geografia, mas também nas áreas afins. A obrigatoriedade fica por conta de cada edital de concurso ou da política interna das universidades.

Historicamente, o geógrafo vem perdendo colocação no mercado de trabalho para o Engenheiro Ambiental e geólogo, devido à visão segmentada do conhecimento que o mercado exigiu nos últimos anos, pois o geógrafo não se compatibiliza com análises segmentadas e sim é capacitado para lidar com a visão de totalidade que envolve as análises das dinâmicas sócio-espaciais, seu principal objeto de estudo.

Apesar de nos últimos anos o próprio modo capitalista de produção ter contribuído para a segmentação do conhecimento, há uma tendência no mercado de trabalho onde é importante ter a capacitação de analisar a totalidade dos fenômenos de maneira interdisciplinar. Dessa forma o Geógrafo acaba sendo um importante profissional cada vez mais designado para coordenar equipes multidisciplinares devido a sua formação abrangente.

Contudo, os Geógrafos vem nesta última década, ganhando considerável espaço no mercado de trabalho no Brasil e no mundo, em função principalmente de novas tecnologias, que estão sendo aliadas para a conversão e produção de trabalhos em meio digital.

Frente ao Mercado de trabalho Atual no Brasil, alguns profissionais compartilham informações em comum, são estes os : Geógrafos, Engenheiros Agrimensores, Engenheiros Cartógrafos, principalmente.

No dia 29 de maio comemora-se o dia do geógrafo.

Ramos da geografia

Geografia física

geografia física (ou fisiografia) se foca na geografia dentro das Ciências da Terra. Tem como objetivo entender a litosferahidrosfera,atmosferapedosfera, e os padrões da fauna e flora global (biosfera). A Geografia física pode ser dividida nas seguintes categorias :

Línea de Wallace.jpg Cyclone Catarina from the ISS on March 26 2004.JPG 90 mile beach.jpg Gavin Plant.JPG
Biogeografia Climatologia & paleoclimatologia Geografia litorânea Geografia ambiental & Gestão ambiental
Meridian convergence and spehrical excess.png Delicate Arch LaSalle.jpg Receding glacier-pt.svg Meander.svg
Geodésia & Topografia Geomorfologia Glaciologia Hidrologia & Hidrografia
Khajuraho-landscape.jpg World11.jpg Soil profile.jpg Pangea animation 03.gif
Ecologia de paisagem Oceanografia Pedologia Paleogeografia

Geografia humana

geografia humana (ou sociografia) é o ramo da geografia que estuda os padrões e processos que formam a interação humana com os vários ambientes. Ela envolve os aspectos humanospolíticosculturaissociais e econômicos. Apesar do foco principal da geografia humana não ser a paisagem física da Terra (ver geografia física), dificilmente é possível discutir a geografia humana sem se referir à paisagem física onde as atividades humanas acontecem, e assim a geografia ambiental emerge como um link entre estes dois ramos da geografia. A geografia humana pode ser dividida em muitas categorias, como por exemplo :

Qichwa conchucos 01.jpg Pepsi in India.jpg Christaller model 1.jpg Star of life.svg
Geografia cultural Geografia do desenvolvimento Geografia econômica Geografia da saúde
British Empire 1897.jpg UN General Assembly.jpg Pyramide Comores.PNG ReligionSymbol.svg
Geog. histórica & temporal Geog.política & Geopolítica Geog. populacional ou Demografia Geografia da religião
US-hoosier-family.jpg RERParisVision2025.png Rio de Janeiro Helicoptero 49 Feb 2006 zoom.jpg New-York-Jan2005.jpg
Geografia social Geografia do transporte Geografia turística Geografia urbana
Cuba canna da zucchero.jpg Last census in the world.png
Geografia rural Recenseamento

Com o passar do tempo várias maneiras de se ver o estudo da geografia humana têm aparecido, como :

Geografia ambiental

A geografia ambiental é um ramo da geografia que descreve os aspectos espaciais da interação entre humanos e o mundo natural. Isso requer o entendimento dos aspectos tradicionais da geografia física e humana, assim como os modos que as sociedades conceitualizam o ambiente.

A geografia ambiental emergiu como um ponto de ligação entre a geografia física e humana como resultado do aumento da especialização destes dois campos de estudo. Além disso, como a relação do homem com o ambiente tem mudado em consequência da globalização e mudança tecnológica uma nova aproximação é necessária para entender esta relação dinâmica e mutável. Exemplos de áreas de pesquisa em geografia ambiental incluem administração de emergênciagestão ambientalsustentabilidade, e ecologia política.

Geografia matemática

geografia matemática, tem seu foco na superfície da Terra, estudando sua representação matemática e sua relação com a lua e o sol. Esta vocação dual não é contraditória, porque através do estudo dos fenômenos da superfície que ocorrem produto da interação com o sol e a lua pode ser mapeado no Equador, os trópicos, as linhas polares, coordenadas geográficas e até medir o tamanho da Terra. Normalmente o conteúdo da geografia matemática são primeiro tratados, abordando um estudo introdutório da geografia, para cobrir a localização da Terra no universo e do sistema solar, movimentos da terra, a influência do sol e da lua sobre a superfície (ponto inevitável e essencial em ramos como a climatologiahidrologia) e à definição e compreensão dos sistemas de localização como a base para todo o estudo geográfico.

Geografia matemática incorpora uma vasta área de estudos envolvidos com a análise espacial, como a Cartografiageomática,fotogrametriaGeoestatísticaSistema de informação geográfica (SIG), Sensoriamento remoto, e Sistema de Posicionamento Global(GPS), Geografia AstronômicaTopografia e Orografia.

Cartografia

Mapa de Mauna KeaHavaí.

A cartografia é um ramo da geografia matemática que estuda a representação da superfície daTerra com símbolos abstratos (mapeamento). Apesar de outros campos da geografia dependerem de mapas para a apresentação de suas análises, a fabricação dos mapas é abstrata o suficiente para ser considerada separadamente. A cartografia cresceu de uma coleção de técnicas de representação até se tornar uma verdadeira ciência. A cartografiaclássica acabou se juntando a uma abordagem mais moderna da análise geográfica, apoiada pelos Sistemas de Informações Geográficas (SIG).

Cartógrafos precisam aprender psicologia cognitiva e ergonômica para entender como os símbolos conduzem a informações sobre a Terra mais eficazes, e psicologia comportamentalpara induzir os leitores de seus mapas a atuar de acordo com as informações. Precisam aprender corretamente geodésia e matemática razoavelmente avançada para entender como aforma da Terra distorce mapas, pois estes são projetados em uma superfície plana para a visualização. Através da produção de mapas e cartas a Cartografia manifesta-se como uma linguagem essencial para a produção de imagens geográficas através de conceitos espaciais como a Localização, Densidade, Distribuição, Escala, Distância. Pode ser dito, sem muitas controvérsias, que a cartografia é a semente da qual a geografia nasceu. Muitos geógrafos citam uma “fantasia de infância” com mapas como um primeiro sinal de que acabariam em suas áreas.

Geomática

Digital Elevation Model (DEM).

Geomática é o ramo da geografia que surgiu desde a revolução quantitativa da geografia na metade da década de 1950. A geomática envolve o uso de técnicas espaciais tradicionais usadas em cartografia e topografia e suas aplicações nos computadores. Este ramo se tornou mais utilizado com muitas outras disciplinas usando técnicas como SIG e Sensoriamento remoto. A geomática também levou a uma revitalização de alguns departamentos de geografia, especialmente na América do Norte onde o assunto estava em declínio durante a década de 1950.

Topografia

Topografia é a ramo da geografia matemática que estuda todos os acidentes geográficosdefinindo a situação e a localização deles que podem ficar em qualquer área. Tem a importância de determinar analiticamente as medidas de área e perímetro, localização, orientação, variações no relevo, etc e ainda representá-las graficamente em cartas (ou plantas) topográficas.

Geografia regional

A geografia regional é o ramo da geografia que estuda as regiões da Terra de todos os tamanhos. Ela tem um caráter principalmente descritivo. O principal objetivo é entender ou definir as particularidades de uma determinada região que consiste de elementos naturais e humanos. Também é dada atenção para a regionalização, que cobre as técnicas apropriadas para delimitar o espaço em regiões.

Campos relacionados

Técnicas geográficas

A geografia, em seus estudos para a compreensão do mundo, utiliza-se de alguns instrumentos essenciais para algumas de suas áreas. Produções como os mapas são a base para muitas das análises e observações realizadas pelos diversos campos, e a evolução das técnicas instrumentais acaba influenciando muito a evolução da própria geografia. Assim foi com o surgimento das imagens de sensoriamento remoto e os Sistemas de Informações Geográficas. Cada técnica instrumental acaba então fundando uma área da ciência para si própria.

Sistema de Informações Geográficas

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) tratam do armazenamento de informações sobre a Terra para visualização e processamento através de um computador, de forma precisamente apropriada à informação que se deseja fornecer. Além de todas as outras subdisciplinas da geografia, especialistas em SIG precisam entender técnicas de computação e sistemas de banco de dados. O SIG revolucionou o campo da cartografia, e praticamente toda a fabricação de mapas de hoje em dia é feita com a ajuda de alguma forma de software SIG. SIG também se refere à ciência do uso de tais softwares e suas técnicas de representação, análise e previsão das relações espaciais.

Sensoriamento remoto

Sensoriamento remoto é a ciência da obtenção de informações sobre as características da Terra através de medições feitas à distância. Dados sensoriados remotamente vêm de várias maneiras como por imagens de satélitefotografias aéreas e dados obtidos por sensores manuais. Geógrafos utilizam cada vez mais dados obtidos por sensoriamento remoto para conseguir informações sobre asuperfície terrestre, o oceano e a atmosfera, pois esta técnica: a) fornece informações objetivas em várias escalas espaciais (de local a global), b) fornece uma visão sinóptica da área de interesse, c) permite o acesso a locais distantes e/ou inacessíveis, d) fornece informações espectrais fora da porção visível do espectro eletromagnético, e e) facilita o estudo de como as características e as áreas mudam através do tempo. Dados de sensoriamento remoto podem ser analisados tanto independentes como juntos de outras camadas digitais de dados (como por exemplo nos SIG).

Métodos geográficos quantitativos

Geoestatística trata de análise quantitativa, especificamente a aplicação da metodologia estatística à exploração de fenômenos geográficos. Geoestatística é utilizada extensivamente em uma variedade de campos incluindo: hidrologiageologia, exploração depetróleoanálises climáticasplanejamento urbanologística e epidemiologia. A base matemática para a geoestatística deriva daanálise de clusteresanálise linear discriminante e testes estatísticos não-paramétricos. Aplicações da geoestatística dependem muito dos Sistemas de Informações Geográficas, particularmente da interpolação (estimativa) de pontos não-medidos. Geógrafos têm feito contribuições notáveis ao método das técnicas quantitativas.

Métodos geográficos qualitativos

Métodos geográficos qualitativos, ou técnicas de pesquisa etnográficas são utilizados pelos geógrafos. Na geografia cultural há uma tradição do emprego de técnicas de pesquisa qualitativa, também utilizada na antropologia e na sociologiaObservações participativase entrevistas em campo fornecem aos geógrafos humanos dados qualitativos